Áreas de atuação da Genética da Conservação
Aqui estão listadas as principais formas de auxilio que a genética presta à biologia da conservação:
Identificação de espécies ou populações em risco devido à redução da diversidade genética
Um bom exemplo é o caso do pinheiro Wollemi, uma espécie australiana recentemente descoberta e conhecida anteriormente somente por registros fósseis. Essa espécie de pinheiro não contém diversidade genética entre os indivíduos em centenas de locos analisados. Seu risco de extinção é extremo. Esse pinheiro é susceptível a um fungo comum (die-back). Foi necessário então, instituir um programa que envolve manter o local de sua ocorrência em segredo, o estabelecimento de quarentena, e a propagação de plantas em outras localidades (Frankham, 2004).
Fonte: www.esab.ipbeja.pt/museu/pinheiro_wollemi.htm
Figura 5: Pinheiro Wollem
Resolução da estrutura de populações fragmentadas
Populações naturais do pica-pau Picoides borealis (red-cockaded) são fragmentadas, causando diferenciação genética entre elas e reduzindo a diversidade genética nas populações pequenas. Para minimizar riscos de endogamia e perda de variabilidade genética, parte do manejo dessa espécie envolve introdução de indivíduos nas pequenas populações (Frankham, 2004).
Fonte: www.newscientist.com/blog/shortsharpscience/2...
Figura 6: Pica-pau (Picoides borealis).
Resolução de incertezas taxonômicas
O status taxonômico de muitos invertebrados e plantas é frequentemente desconhecido. Assim, uma espécie aparentemente com baixo risco de extinção e amplamente distribuída pode, na realidade, compor um complexo de espécies distintas, com algumas raras ou ameaçadas (Frankham, 2004). O anfípode Hyalella azteca, que há anos vinha sendo usado como indicador em testes de ecotoxicologia para estudo de qualidade da água em vários laboratórios do mundo, é, na verdade, um aglomerado de pelo menos quatro espécies diferentes (Hogg et al., 1998). No entanto, em alguns casos os estudos genéticos serviram para indicar o contrário, ou seja, que espécies consideradas distintas eram na verdade variedades ou híbridos de outras espécies. Esses resultados são de grande importância, pois permitem que recursos não sejam desperdiçados na proteção ou tentativa de manutenção em cativeiro de indivíduos que não têm independência evolutiva (Solé-Cava, 2001).
Fonte: https://de.wikipedia.org/wiki/Gammaridea
Figura 7: Hyalella azteca.
Definição de unidade de manejo dentro do limite das espécies
Populações de uma espécie podem ser adaptadas a ambientes levemente diferentes e serem suficientemente diferenciadas para merecerem um manejo como unidades separadas. Seus híbridos podem estar em desvantagem, algumas vezes apresentando isolamento reprodutivo. O salmão Oncorhynchus kisutch (e muitas outras espécies de peixes), por exemplo, apresenta diferenciação genética entre as populações de diferentes localidade geográficas. Isso evidencia a adaptação a diferentes condições. Assim, elas devem ser manejadas como populações separadas (Frankham, 2004).
Detecção de hibridação
Muitas espécies raras de plantas, peixes salmonídeos e canídeos são ameaçados por “hibridação incomum” ao cruzarem com espécies que são abundantes no ambiente em que vivem. Análises genéticas moleculares têm mostrado que a espécie criticamente em perigo de lobo da Etiópia (simian jackal) está sujeito à hibridação com os cães domésticos locais (Frankham, 2004).
Fonte: https://www.achetudoeregiao.com.br/animais/lobo_etiope.htm
Figura 8: Lobo etíope (simian jackal).
Amostragem não-invasiva para análises genéticas
Muitas espécies são difíceis de capturar, ou ficam extremamente estressadas no processo de captura. O DNA dessas espécies pode ser extraído de pêlos, penas, descamações da pele, fezes, etc., através de amostragem não-invasiva, e posteriormente amplificado, de modo que os estudos genéticos possam ser realizados sem perturbar o animal. Por exemplo, no caso do marsupial Lasiorhinus krefftii(Figura 1) do norte da Austrália, a amostragem tem sido realizada colocando-se fitas adesivas na entrada de suas tocas, o que permite a coleta de pêlos (Frankham, 2004).
Fonte: https://www.terrambiente.org/fauna/Mammiferi/metatheria/diprot odontia/images/lasiorhinus_latifrons.jpg
Figura 9: Marsupial do norte da Austrália (Lasiorhinus krefftii).
Definição de locais para reintrodução
As análises moleculares podem fornecer informações adicionais a respeito da distribuição histórica das espécies, expandindo as possibilidades para as ações conservacionistas. Por razões ecológicas, as reintroduções devem ocorrer preferivelmente dentro da distribuição histórica da espécie. Informações resultantes da genotipagem de DNA de ossos sub-fósseis revelaram que o pato Laysan, atualmente classificado como em perigo, anteriormente existia em outras ilhas além de sua atual distribuição nas Ilhas Havaianas (Frankham, 2004).
Escolha das melhores populações para reintrodução
Populações de ilhas são consideradas uma fonte genética valiosa para restabelecimento de populações no continente, particularmente na Austrália e Nova Zelândia. No entanto, análises genéticas moleculares revelaram que a população do wallaby-de-pata-preta dos rochedos da Ilha Barrow, Austrália apresenta variação genética extremamente baixa e reduzida taxa reprodutiva (devido à endogamia). Algumas espécies do continente, embora numericamente menores e mais ameaçadas, são geneticamente mais saudáveis e, portanto, mais apropriadas para reintroduções em outras localidades (Frankham, 2004).
Análise forense
Fonte: https://www.petfriends.com.br/enciclopedia/esp_outros/outros_enciclopediabaleiajubarte.htm
Figura 10: O comércio das baleias Jubartes, por exemplo, é proibido
Fonte: https://www.dailymail.co.uk/news/article-472847/Rescuers-desperate-bid-lure-young-whale-harbour.html
Figura 11: O comércio de baleias Minkes é legalizado. Carnes provenientes de outras baleias e até mesmo golfinhos, é comercializado como sendo de baleias Minke.
Entendimento da biologia das espécies