Metilação do DNA
Introdução: A metilação consiste na adição de grupamentos metila a base citosina (C) DNA, dependendo de suas posições na molécula, tanto o DNA procariótico quanto o eucariótico podem ser metilados; a metilação é catalizada por enzimas, sendo fundamental na regulação do “silenciar dos genes”, regulação das funções das proteínas, metabolismos de RNA além de estar presente no metabolismo da bactéria.
A modificação química dos nucleotídeos é importante para a regulação de genes em eucariontes principalmente em mamíferos. Uma determinada quantidade dos pares de bases G-C são modificados pela adição de um grupo metila a citosina.
A metilação da citosina sempre ocorre em duplas de pareamento de bases como segue abaixo:
5' mC p G3'
3'G p Cm 5'
mC representa a metilcitosina e
p indica a ligação fosfodiéster entre as bases de um filamento de DNA.
Essa estrutura pode ser abreviada simplesmente dando a composição de um filamento mCpG
Os dinucleotídeos CpG juntamente com as enzimas de restrição que são sensíveis a modificação química em seus sítios de reconhecimento digerem o DNA; as enzimas de restrição são divididas em várias classes, dependendo da estrutura, da atividade e dos sítios de reconhecimento e clivagem.
A enzima Hpall reconhece e cliva (corta) a sequência CCGG, porém quando a segunda citosina nesta sequência é metilada, Hpall não pode mais clivar a sequência.
Os dinucleotídeos CpG contém junto de si vários elementos curtos de DNA tendo uma densidade muito mais alta de C e G que qualquer outra região do genoma, estes segmentos são chamados de ilhas de CpG.
Metilação no genoma humano:
No genoma Humano, existem cerca de 45.000 destas ilhas, a maioria próximas ao sítio de início da transcrição, porque as citosinas que estão próximas a essas ilhas nunca são metiladas e este estado não metilado conduz a transcrição.
Onde o DNA metilado é encontrado a transcrição é restrita, como exemplo o cromossomo X inativo de algumas fêmeas de mamíferos que é extensamente metilado. Os mecanismos que fazem com que o DNA metilado seja transcricionalmente silencioso não são bem compreendidos.
Pórem sabe-se que duas proteínas que reprimem a transcrição se ligam ao DNA metilado, uma delas se chama MeCP2 e causa mudança na cromatina , entretanto é possível que os dinucleotídeos metilados CpG liguem mais proteínas específicas desconhecidas e que essas proteínas formem um complexo que evita a transcrição de genes vizinhos.
Exemplo de metilação em DNA dos mamíferos:
Quando ocorrem casos em que um gene é controlado por sua origem parental, por exemplo um gene conhecido como H19 é expresso quando é herdado da mãe, mas não é expresso quando é herdado do pai, ou seja a expressão do gene esta condicionada a origem parental, os geneticistas dizem que esse gene foi imprintado, quer dizer que o gene foi marcado de algum modo, para que “lembre” de qual genitor veio.
A marca que condiciona a expressão de um gene é a metilação de um ou mais dinucléotideos CpG na vizinhança do gene, esses dinucleotídeos metilados são inicialmente formados na linhagem germinativa parental.
Fonte: https://genetica.ufcspa.edu.br/seminarios%20monitores/epigenetica_texto_2007.pdf
Figura 27: as bases em vermelho são as citosinas, essa ramificação indica a adição de grupamento metila a base, portanto a metilação da base.
Exemplo de metilação em bactérias:
Na metilação de bactérias o grupo metil (CH3) são adicionados a determinados locais do DNA para impedir que ele seja destruído por enzimas de restrição. A metilação do DNA acontece, quando as bactérias são invadidas por vírus bacteriófago, elas se defendem do vírus através do seu sistema imunológico cortando o DNA do vírus em pedacinhos; para realizar esse procedimento as bactérias desenvolveram uma série de enzimas de restrição (restringem o ataque do vírus a bactéria) que reconhecem seqüências especificas de DNA do vírus, e cortam o DNA no meio dessas seqüências.
As enzimas de restrição distinguem entre o DNA bacteriano e o DNA do vírus através do metil que esta ligado a certas seqüências do DNA da bactéria, não cortando portanto o DNA bactériano.
Porém o vírus não tem essa enzima de restrição e quando ele injeta o seu DNA na bactéria, esse não contém nehuma proteção ou seja nenhum metil para impedir que a enzima de restrição o corte em pedacinhos.
Eco R1 em E.coli e BamH1: nome de duas enzimas de restrição somente de bactérias.
Metilases: Enzimas que realizam a metilação do DNA .
Alguns exemplos de metilação nos seres Vivos:
Bactérias: O DNA bacteriano possui certas sequências metiladas que se distingue do DNA exógeno do vírus não-metilado que é introduzido, as bactérias usam proteínas chamadas de enzima de restrição para cortar qualquer DNA viral não metilado.
Eucarióticos: No DNA eucariótico, as bases citosina são metiladas para formar o 5-metilcitosina, os organismos eucarióticos se diferem muito em seu grau de metilação:
Células animais: 5% citosinas metiladas.
Plantas: mais de 50% citosinas metiladas.
Células de leveduras: nenhuma metilação de citosina detectada.
Ainda não está claro por que os organismos eucarióticos se diferem tanto em seu grau de metilação.
Consequências da metilação:
A metilação afeta a estrutura da molécula de DNA, e conseqüentemente o desenvolvimento da célula. As seqüências que são metiladas não são transcritas, enquanto as seqüências sem metilação estão sendo transcritas ativamente.