Genética da Conservação: Passado, Presente e Futuro
A genética da conservação é uma ciência que utiliza conceitos e ferramentas genéticas e as aplica em problemas da biologia da conservação. Os principais temas abordados por ela são: a perda da diversidade genética, os impactos deletérios do endocruzamento sobre a reprodução e sobrevivência, os efeitos do acaso prevalecendo sobre a seleção natural, e a adaptação genética ao cativeiro.
Os primeiros livros sobre genética da conservação foram publicados no início da década de 1980 (Soulé e Wilcox, 1980; Schonewald-Cox et al., 1983). Naquele momento, ela resumia-se praticamente a estimativas de variabilidade genética (heterozigosidade) e a sua extrapolação para a estimativa do tamanho efetivo de populações ameaçadas ou que haviam sofrido sérias reduções populacionais recentes. Por conta dessas limitações, a genética da conservação foi criticada no final da década de 1980. Era considerada um desperdício de dinheiro e esforços que poderiam ser mais bem aplicados na manutenção de parques e reservas ambientais, pois, da forma apresentada na época, as questões demográficas seriam mais importantes do que as questões genéticas (Lande, 1988).
No entanto, com a maior compreensão dos geneticistas dos problemas enfrentados pelos conservacionistas, que por sua vez compreenderam melhor o potencial que os marcadores genéticos têm para a abordagem de seus problemas, a genética da conservação voltou a se tornar uma ciência útil e auxiliar para cientistas e pessoas em geral interessadas na conservação do meio ambiente. A genética da conservação, como se pode ver, é uma área ampla e em pleno crescimento dentro da biologia. Com diversas abordagens e inúmeros desafios. Recentemente foi publicada uma revista (“Conservation Genetics”) inteiramente dedicada ao assunto (Solé-Cava, 2001).
O custo do monitoramento de uma espécie através da proteção (demarcação e fiscalização) de uma área é infinitamente menor do que tentar manter/reproduzir em cativeiro cada uma das espécies dessa área. A Genética certamente é um instrumento poderoso, juntamente com a ecologia, nesses estudos de prevenção. Não seria muito mais inteligente usar destes recursos para a prevenção do processo de extinção através da preservação ambiental? Infelizmente, não só no Brasil, mas na maioria dos países, a preocupação com a cura vem somente após a catástrofe (Solé-Cava, 2001).